A depressão é um problema sério e não um sinal de fraqueza que possa ser ultrapassado apenas com força de vontade, causando sofrimento significativo e interferindo em vários aspetos do nosso dia-a-dia.

Um dos grandes desafios quando falamos de depressão em adolescentes, é que para além desta se manifestar de forma diferente de pessoa para pessoa, estes raramente procuram a ajuda de adultos de forma espontânea. 

Assim, é crucial que os cuidadores estejam atentos a um conjunto de possíveis sinais e sintomas que podem originar alteração de hábitos e comportamentos por parte dos adolescentes no seu dia-a-dia:

  • A falta de interesse ou prazer, quer na escola, originando maiores dificuldades de atenção e concentração, (com consequências para o rendimento escolar), quer em atividades extracurriculares e de lazer que antes lhe proporcionavam especial prazer, como a prática desportiva ou cultural regular

Conselho: Acompanhe o seu filhos nos estudos, estando particularmente atento às alterações significativas do rendimento escolar

  • O desenvolvimento de padrões pessoais, de exigência e perfeccionismo inatingíveis, o que cria um sentimento de insatisfação constante, em que nada parece ser suficiente para o preencher de forma positiva. 
  • Dificuldades de relacionamento e socialização com amigos e familiares, que podem ter como consequência um maior isolamento por parte do adolescente

Conselho: Repare se ele deixou subitamente de sair com os amigos ou se perdeu a vontade de o fazer e se passa o tempo fechado no quarto

  • Procrastinação, adiar sistemático de tarefas ou decisões (não confundir com “preguiça”)
  •  Alterações do sono e da alimentação
  •  Baixa auto-estima – desvalorizando-se, sentindo-se geralmente inferior aos outros e incapaz de lidar com as várias tarefas do dia-a-dia. podendo ter pensamentos de morte.

Conselho: Tente conversar com o seu filho e perceber o seu estado de espírito, a forma como ele se vê e ao seu futuro. Se tem ideias pessimistas em relação à vida e ao futuro isso é um sinal de alerta

  • Instabilidade comportamental, saltando entre tarefas sem as concluir 
  • Medo exagerado, intenso e duradouro, por vezes sem explicação aparente
  • Ansiedade e sentimento de culpa excessiva

Conselho: repare se o seu filho tem uma autocrítica destrutiva perante os obstáculos ou face a uma frustração

  • Dores sem uma explicação física (Perturbações psicossomáticas) 
  • Em situações mais graves, pode até repercutir-se em comportamentos impulsivos correndo o risco de agir em registos de agressividade não só na relação com os outros, mas também consigo próprio: o consumo de substâncias, automutilações, andar de mota a alta velocidade (ou outras situações em que coloca a sua vida em risco) e tentativas de suicídio, são alguns exemplos de comportamentos impulsivos a ter em conta

Conselho: Ver se o seu filho se irrita excessivamente com coisas aparentemente insignificantes. Exemplo: quando lhe pede para arrumar o quarto ou para o ajudar com alguma coisa em casa. 

Os pais devem estar atentos a estes sinais e não desvalorizar as queixas depressivas, nem confundi-las com ”coisas típicas da idade”, “preguiça” ou formas de “chamar a atenção”. 

No entanto, é preciso que ao mesmo tempo tenham consciência de que, por vezes,  o adolescente pode estar num estado depressivo evidente e, ainda assim, conseguir continuar a investir  numa atividade específica, mantendo os mesmos níveis de prazer e produtividade, o que não deverá levar os pais a caírem no erro de acharem que isso demonstra que o adolescente não está realmente deprimido

Afinal somos todos diferentes uns dos outros e por isso também os sintomas ou sinais o são. O importante é estar atento aos possíveis sinais de que algo não está bem e, se necessário, procurar a ajuda de um profissional para uma avaliação da situação. 

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