Uma das partes mais desafiantes da to-do list de um líder, especialmente um novato, é o ‘de fazer  1-on-1s. Nos meus primeiros tempos como líder, preferia fazer qualquer outra coisa que fosse, mesmo que muito aborrecida, se isso me permitisse evitar os terríveis 1-on-1s. Sentia-me muito desconfortável, especialmente se estes fossem com pessoas que eu considerava terem muito mais experiência do que eu.

Claro que agora, olhando para trás, apercebo-me que não percebia qual o verdadeiro objetivo destes “check-ins regulares” e da sua importância em diferentes níveis. Assim, como qualquer gestora insegura, ocupada e inexperiente faria, focava-me noutras “tarefas” (obviamente essenciais), aquelas que sabia que conseguia fazer de olhos fechados e adiava os assustadores 1-on-1s até ao último segundo.

Mas claro que os meus superiores não sabiam disto, muito menos aqueles com quem eu trabalhava, e assim a minha procrastinação era interpretada como um sinal de falta de interesse neles e no seu trabalho, quando na verdade era exatamente o oposto.

A necessidade de acertar desde o primeiro dia, ou o “fracasso em evitar o perfeccionismo” como os investigadores agora lhe chamam, estava a impedir-me de construir confiança, de conhecer a minha equipa e vice-versa, ou seja, de me tornar numa verdadeira líder.

Quando finalmente comecei a realizar estes meetings, a sensação era mais ou menos a mesma a nadar no frio do oceano Atlântico, ou seja, a ideia era entrar e sair do 1 on 1s mais rápido possível.

Hoje em dia, quando olho com vergonha e descrença para todo o meu esforço na altura, tenho de me lembrar que ninguém à época estava propriamente preparado para aquilo, as “avaliações do desempenho” ainda eram relativamente novas para todos e, mais do que isso, não eram mais do que um mero exercício de box-ticking. A suposição subjacente era de que se se tivesses conhecimentos técnicos elevados eras igualmente capaz de fazer bem aquilo que implicava skills sociais. Quão errados estávamos na altura…

Se eu pudesse entrar numa máquina do tempo, estes seriam os conselhos que eu daria à Sharon dos seus 20 e poucos anos:

Prepara-te para o ‘combate’

Afinal de contas, o importante é mostrares a quem trabalha contigo que estás a dar o melhor de ti, estás aberta a aprender, és solidária e estás disponível.

Usa o tempo necessário para te informares sobre com quem trabalha contigo, sê curiosa, procura informações de outras fontes e não apenas o que está nos ficheiros escritos. Procura identificar momentos em que estavam a fazer um bom trabalho e em que a colaboração trouxe resultados positivos. Sei que nem todas as organizações têm grandes ferramentas para compilar todos estes momentos como, por exemplo, os 15five conseguem fazer.

Resiliência no Trabalho

Vai para a reunião de cabeça limpa

Na minha opinião, a preparação tem duas partes essenciais: a primeira é a investigação e a segunda é a forma como te apresentas na reunião.

Há muitas ferramentas para te ajudar a aparecer como a melhor versão de ti mesmo: procura uma com a qual te sintas confortável. Por vezes, são coisas simples: a estratégia pode estar apenas em ires dar um passeio antes da reunião ou apenas em respirar fundo. O importante é que interrompas o “efeito bola de neve” do que quer que estejas a fazer anteriormente.

S.L.O.W – Parar, ouvir, observar e perguntar a ti mesmo: o que é que te chamou a atenção?

Nada de novo, é certo, mas escutar profundamente aquilo que nos é transmitido é muito mais difícil do que se pensa.

Ouvir para compreender é uma habilidade muito diferente de ouvir para responder, seja virtualmente ou cara-a-cara. A voz humana, a forma como respiramos, a linguagem corporal e as expressões faciais podem dizer-te tanto sobre o que o teu trabalhador está realmente a pensar. Isto requer que te concentres nestes aspetos e não nos mil e um outros pensamentos que vão na tua cabeça enquanto este fala contigo

Não reajas de imediato. Leva o teu tempo a identificar as pistas e sinais que revelam se o que os teus trabalhadores te estão a dizer é realmente o que estão a pensar. Aprende a ler nas entrelinhas. Especialmente hoje em dia, quando as pessoas não estão no seu melhor por causa da pandemia. Gosto de usar a sigla S.L.O.W – stop, listen, observe and ask yourself what did you notice (parar, ouvir, observar e perguntares-te a ti próprio o que é te chamou a atenção?)

Tem paciência: Roma e Pavia não se fizeram num dia

A liderança é um processo, leva tempo e paciência, especialmente contigo próprio. Em vez de te preocupares com o que podes fazer de errado e, portanto, paralisares e não fazeres nada, muda a tua forma de pensar e questiona-te: o que posso aprender com este momento e como é que o mesmo me poderá ajudar a lidar melhor com o próximo desafio?

Partilha com os membros da tua equipa que tens consciência de que levará tempo até que eles aprendam a confiar uns nos outros e a construir uma relação de trabalho com significado, mas que sabes que essa é uma viagem que, só chegará a bom porto, se for feita em conjunto.