Em pleno século XXI, numa era em que a informação está à distância de um clique, os mitos sobre a figura do Psicólogo e o seu papel na sociedade tardam em desaparecer, o que faz com que muitas pessoas continuem a não procurar a ajuda que necessitam, com medo de serem estigmatizadas ou julgadas

Hoje apresentamos os 6 principais mitos sobre a psicologia e os psicólogos que esperamos, que em breve, façam parte do passado.

1º Mito: Psicólogos são os Médicos dos malucos  

Seja numa conversa de amigos, num café e às vezes até em ambientes profissionais, qualquer um de nós já ouviu a expressão “Médico dos Malucos” para se referirem a um psicólogo.

Mas afinal de onde vem esta ideia de que só vai ao psicólogo quem está maluco?

Na verdade, este mito nasce da associação errada de que as perturbações mentais são apenas tratadas por psiquiatras (o que já não é verdade há algumas décadas), uma ideia que tem prevalecido e sido transportada para a psicologia, em parte, por culpa própria. 

Esta aproximação da Psicologia à Psiquiatria, nomeadamente no diagnóstico de perturbações mentais, foi uma forma desta ser vista como uma ciência mais credível por parte dos vários agentes de saúde mental. É possível que esta associação prolongada à psiquiatria tenha contribuído para limitar a forma como muitas pessoas ainda olham para os psicólogos e para o seu trabalho, quando na verdade este intervém em campos muito mais variados do que a psiquiatria. 

Na verdade, contrariamente à psiquiatria – que acredita que a origem das perturbações mentais é orgânica, tendo por isso como principal método de intervenção a medicação – a psicologia tem como objetivo o estudo do comportamento humano numa perspetiva biológica, psicológica e social, de modo a promover comportamentos mais saudáveis, tanto psicológicos como físicos.

Por definição, um psicólogo é um especialista na relação humana. Isso faz com que deva ser uma peça importante quando se trabalha com dinâmicas de grupo, em contextos de educação, sociais e organizacionais. Se pensarmos que uma das maiores mais valias de uma organização é o seu capital humano, rapidamente percebemos que a existência de um psicólogo é essencial para ajudar nessa gestão e potenciar o bem-estar na mesma. 

2º Mito: Só vai ao Psicólogo quem “está maluco”

Este é o segundo mito, que tem origem no primeiro: se os psicólogos são os médicos dos malucos é porque todos aqueles que vão ao psicólogo têm uma perturbação mental. Se não têm, o mais provável é que acabem por sair de lá com uma. 

Esta ideia não poderia ser mais redutora do papel da psicologia e de quem a esta se destina. Na verdade, qualquer um de nós pode beneficiar de uma ida ao psicólogo. Não é difícil perceber porquê: todos sentimos dificuldades ao longo da nossa vida, passamos por altos e baixos, podendo perder a noção do caminho a percorrer ou ter dúvidas sobre as decisões a tomar. É perfeitamente normal – que é como quem diz, humano – que isso aconteça. 

Uma das funções do Psicólogo é dar-nos as ferramentas necessárias para o nosso desenvolvimento pessoal, ajudando-nos a construir as estratégias e recursos necessários para desenvolvermos uma maior autonomia e bem-estar. 

3º Mito: Psicólogo = Médico 

Apesar de no dia-a-dia e, mesmo profissionalmente, sermos muitas vezes apelidados de Doutores, não somos médicos. Na verdade, a designação correta é Técnico Superior de Saúde Mental. Assim, sempre que necessitares de uma perspetiva médica, não é a nós que deves recorrer, mas sim a psiquiatras ou médicos de outras especialidades.  

O Psicólogo pode trabalhar com todas as faixas etárias, tendo em conta as necessidades do contexto em que está inserido e também da sua especialização. 

Consulta de Hipnose com Pedro Rodrigues Ribeiro

4º Mito: Os tipos da conversa da treta

Outro mito é o de que os Psicólogos são os tipos da “conversa da treta”. 

É difícil para as pessoas perceberem que a “receita” que os psicólogos oferecem não tem como base medicação, mas sim, palavras e, muitas vezes, a ausência delas. A verdade é que muitas pessoas argumentam que se o trabalho de um psicólogo são “apenas” palavras, então não precisam de um, porque já têm amigos e familiares com quem falar sobre os seus problemas.

Ora a diferença entre falar com um psicólogo e um amigo, é que, ao contrário da maioria dos nossos amigos e familiares, os psicólogos têm conhecimentos técnicos, devidamente testados e validados. Por outras palavras, os Psicólogos aprendem a dizer aquilo que é adequado e mais eficaz para cada situação e pessoa, para desencadear os processos necessários para a mudança. 

5º Mito: A psicologia não tem provas dadas e é antiquada

De uma forma geral, as pessoas continuam a olhar com alguma desconfiança para a eficácia da psicologia.

Na verdade existem inúmeros artigos científicos que demonstram a maior eficácia das intervenções psicológicas quando comparadas com outras formas de tratamento. Essa eficácia não se manifesta apenas no bem-estar individual mas também do ponto de vista económico: um relatório publicado pela Ordem dos Psicólogos no último trimestre de 2019 estima que a promoção da saúde psicológica e do bem-estar nas empresas portuguesas pode reduzir as perdas de produtividade em 30%, permitindo-lhes poupar cerca de mil milhões de euros por ano. 

No que respeita a ser antiquada, embora Portugal continue um pouco atrás quando comparado com outros países, em particular na Europa e EUA, a verdade é que o nosso país tem realizado um esforço para desenvolver novas metodologias e intervenções, com base nos mais recentes modelos psicológicos. 

Para além disto, os psicólogos são profissionais que estão em constante atualização e são cada vez mais instruídos e bem preparados: qualquer pessoa que se queira tornar psicólogo deve ter um mestrado em Psicologia e realizar 1600 horas de estágio profissional, para que possa ser reconhecido como tal pela Ordem dos Psicólogos Portugueses. 

6º Mito: uma cura rápida 

Por último, o mito da cura rápida. 

Muitas pessoas têm expetativas irrealistas relativamente à terapia, procurando uma cura rápida e milagrosa para os seus problemas, o que as leva a desistir demasiado cedo das sessões com o psicólogo e, muitas vezes, optarem por outras soluções que vendem os seus serviços como curas garantidas. Escusado será dizer que ninguém pode garantir a cura de algo. Se pensar bem, nem na Medicina isso é feito, quanto mais na saúde mental.

Por último, é importante não generalizar: deve evitar olhar para uma má experiência como o todo. Todas as profissões têm pessoas menos competentes e éticas, mas uma má experiência não pode, nem deve, desvalorizar toda uma classe. 

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